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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

As vezes o despreparo me impressiona.

Tem certas pessoas que me pergunto se estão preparadas para serem jornalistas. Pois ontem, eu estava na Assessoria de Imprensa de um evento comunitário no bairro da Terra-Firme (Belém – PA), do pessoal do GAIAP (Grupo de Integração Amigos do Pará) e apareceu uma certa profissional que não citarei o nome por ética, mas que se portou de uma forma um tanto quanto anojada com todos que estavam ali. Olhava para todos como se eles fossem um lixo, quando uma das crianças foi tocá-la ela recolheu o braço, mostrando sua visível repulsa, sem contar a forma grosseira com que ela gritou para uma das crianças “Olha para mim” durante uma sonora, e ignorou a ajuda que tentei prestar, olhava com desdém para todos, pediu para o DJ colocar o “Créu” e fez com que as crianças passassem por ridículas na frente das câmeras.

E as coisas não param por ai, pois o evento tinha como proposta levar para as crianças, que estão habituadas com televisão, computador e vídeo-game, uma nova forma de brincar, mais lúdica e simples. Mas a profissional despreparada queria sempre pender para o lado da violência no bairro, querendo conduzir a matéria para um âmbito diferente, tentando colocar que a programação acontecia para salvar as crianças da violência, quando este não era o real objetivo.

A moça distribui arrogância e deixou uma má impressão em todos que estavam presentes. Chegando ao cumulo da falta de cortesia ao sair sem despedir-se, deixando para que o cinegrafista e auxiliar, que foram educadíssimos e maravilhosos, a missão de se despedir com simpatia e cortesia.

Eu que sou um pouco mais calejada nesta estrada, que fui para a reportagem pela primeira vez a 6 anos atrás, quando certamente a profissional em questão ainda nem sonhava em ser jornalista. Aprendi que o jornalista é um receptor social, então deve olhar para todos com igualdade de direitos, não tem que desdenhar ambiente, pessoas e eventos. Então me lembrei da matéria que fiz sobre o aniversário de 1 ano da Escola Circo, e que depois fui elogiada pelo meu diretor e professor Marcelo Mendes por causa da postura humana que tive, que sentei, brinquei e conversei com um menino que vendia picolé, ele admirou a sensibilidade de perceber que aquele menino, que não participava do projeto, mas ao ser visto vendendo foi convidado a participar das atividades, se divertindo, e que ele era meu personagem. E isso ontem a tarde faltou para esta profissional, pois a repulsa era muito maior do que a humanidade para encontrar figuras perdidas ali.

Mas em momentos como este um bom cinegrafista e auxiliar salvam. Pois aprendi bem cedo que uma boa equipe é tudo. Pois o cinegrafista chegou para mim, com ar bondoso e satisfeito apontando no monitor dizendo: “Essa é a minha personagem. Tem como você achar ela?”. E no momento que encontrei a menina perdida entre 300 crianças, ele sorriu agradecido e aliviado por não ter perdido seu elo com aquela história.

Eu poderia ter postado isto ontem, mas esperei a matéria ir ao ar hoje. E fico aliviada em saber que o editor não embarcou na viagem insólita daquela profissional, e que ele cortou o fator violência, a cena humilhante do “Créu”, e deixou apenas a inocência e simplicidade que tentamos resgatar nas brincadeiras comuns daquela tarde. Eu como profissional fico feliz e recompensada, pois acabei cansada, mas sabendo que 300 crianças dormiram com um sorriso feliz naquela noite.

Mas o que me inquieta é a atuação daquela profissional que continua no mercado espalhando sua expressão de nojo a coisas que podem ser importante para tantos. Nestas horas me questiono até que ponto é valido o fim da exigência quanto ao diploma de Jornalismo. Pois se com diploma, essa pessoa consegue mostrar tamanho despreparo, eu imagino se ela não o tivesse.

O que me consola é que naquele dia passaram também por ali profissionais sensíveis, devo ressaltar a equipe do SBT Esporte, pois aqueles que são bons e devem ser citados e exaltados. Pois realizam seu trabalho com carinho e humanidade, o repórter extremamente atencioso com as crianças, de uma simplicidade impar e o próprio Edson Matoso dedicando toda a atenção em captar o espírito daquele evento. Eles comeram nossa feijoada na hora do almoço, junto com os demais membros da equipe, e não tinham expressão de nojo, ao contrário, mostravam admiração e reconhecimento à beleza do projeto.

O cômico de tudo isso, é que a TV que produziu a nossa Barbie Repórter bate no peito ao dizer que prepara bem os seus profissionais, com padrão da sua grande marca da qual se orgulha ser afiliada, que está próximo da comunidade e tem responsabilidade social. Então vocês falharam no treinamento daquela em questão, pois não se faz o social o desprezando. Por isso sou a favor do treinamento instintivo, onde a vivencia da rua ensina o trato com as pessoas, pois elas que fazem a notícia. E isso eu devo muito a TV Unama, pois ela me ensinou muito bem a lição.

6 comentários:

  1. Querida, infelizmente, assim como temos maus médicos, engenheiros, advogados e outros, também temos jornalistas. Quem trabalha com a comunicação por puro modismo esquece que ela é eminentemente social e deve estar comprometida com a educação. E depois, vc sabe, tem o velho, líquido e certo ditado: a gente dá o que a gente tem. O que uma colega (?) dessa pode dar? Não culpo só a empresa, não. Infelizmente, esse tipo tem em quase todas e traz seus vícios de casa. O que lembra outro ditado: a educação vem de berço (não do bolso). Daí porque temos que lutar pela qualificação da nossa profissão. Ela, de fato, não é pra qualquer um, pois exige dedicação, sentimento, ética (caráter), coragem e humildade (a maior ponte para a sabedoria). E quem se pauta nisso dorme tranqüilo à noite, e acorda melhor no outro dia.

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  2. Por acaso, essa "repórti" é a Trisha?

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  3. Não...Não é a Trisha...Eu trabalhei com ela e sempre foi muito simples e educada. Só se as coisas não mudaram e o "Bozó Effect" já a tocou.

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  4. Verdade Rose. Mas o que me passo é que se duvidar grande parte deste despreparo se deve ao "Bozó Effect", pois tem pessoas que não estão preparadas para trabalhar nas grandes redes, ai quando entram, sobem pra cabeça e acham que estão acima de todos o mortais. Por isso, sempre que encontro meus amigos pela rua que estão lá e continuam simples eu os elogio. Por que sei o quanto é dificil. Mas graças a Deus, muitos seguram a onda legal.
    O que me entristece é que a garota é uma guria nova, mal saiu da faculdade e tem esses péssimos defeitos. Eu espero que ela aprenda as malícias da rua da forma menos dolorosa, pois as vezes a rua ensina da pior forma, o que não aprendemos em casa.

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  5. Oi Ana, não sei se lembras, mas estudamos juntas na unama. Eu concordo plenamente contigo, e, apesar de não ter chegado a fazer reportagem em Belem, cheguei a presenciar cenas muito parecidas. Também acho que a formação na universidade é extremamente importante pra aumentar a visão de mundo das pessoas pra gente poder compreender melhor o outro, mas acho que tem uma coisa que não se aprende: humanidade. Mesmo que essa moça tivesse frequentado o melhor curso de jornalismo do mundo ela provavelmente deixaria escapar a falta de sensibilidade e repeito pelas pessoas.
    Muito interessante fazeres esse tipo de relato!
    Bjo

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  6. Lembro de você sim. E Mari infelizmente ainda temos muitas profissionais assim, mas são relatos como esse que podem começar a fazer a diferença. Se outros jornalistas falassem, colocassem para fora sua indignação diante da falta de postura de outros profissionais, estes erros poderiam diminuir, por que até esse profissionais despreparados poderiam começar a aprender com seus próprios erros, ao olha-los estampados em Blogs. Por mais que não cite o nome, certamente a profissional que ler isso começará a avaliar sua postura, naquele velho esquema: "Se a carapuça servir".
    As vezes estamos tão acostumados com os maus hábitos que nem os percebemos, por isso é bom tecer crítica, por que as nossas criticas podem ajudar a melhorar o serviço que prestamos para comunidade.
    Obrigada por comentar.
    Beijos!

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