Merlin: A magia de uma jornada

Sempre fascinada pelos contos Arthurianos, meu livro de cabeceira é As Brumas de Avalon, que conta a saga do Rei Arthur através dos olhos das mulheres. Mas Merlin para mim é a versão mais ousada desta saga, pois como os próprios criadores Julian Jones, Jake Michie, Johnny Capps e Julian Murphy colocaram, eles se inspiraram na série Smallville, que conta como Clark Kent se torna Superman, então os ingleses pensaram em contar como o jovem Merlin se tornou o grande Mago.

A série inglesa é ousada em todas suas escolhas, desde como a saga será contada, até os atores escolhidos para os personagens. Primeiro que nas histórias do Rei Arthur, Merlin é colocado como um velho mago e conselheiro, já na série os dois são jovens, possuem quase a mesma idade e o jovem mágico tem a missão de guiar e proteger Arthur para ser um grande rei, já que este inicialmente se revela um petulante, arrogante e mimado. Outra mudança de viés na história é que Morgana ainda não é uma bruxa, ela não tem conhecimento dos seus poderes, só começa a conhecer sua origem e força druida agora na segunda temporada, e Gwenevere não é uma princesa, mas sim, uma criada de Morgana, que revelará desde sua adolescência seu amor pelo futuro rei, mas devido as diferenças sociais a relação se torna impossível. E Uther Pendragon tem sua diferença, ao invés de ser um seguidor da magia que enfeitiçou a mãe de Morgana e com ela se casou assim gerando Arthur, aqui é um cristão fervoroso, que combate a magia, dizendo que esta foi quem matou a sua esposa. Que na história original não está morta. Mas até agora não sabemos do passado destes personagens, talvez o que tenha nas histórias reais floresçam e descubramos que além de protegida, Morgana é meia irmã de Arthur, talvez.

A série em termos de cenário, roupas, acessórios, histórias e costumes é fiel a idade média, honrando tudo de uma forma bem desenhada diante de nossos olhos, trazendo o clima daquela época bem vivo, mostrando como cidadelas, vilas e aldeias funcionavam naquela época, assim como as relações políticas também, que ficam bem evidentes em cada episódio, enquanto o Rei prepara o filho para a sucessão muito sobre aquela época é ensinado, principalmente sobre o confronto entre os cristãos e os druidas.

Atores experientes misturam-se com atores novatos, como Anthony Head (Buffy – A Caça Vampiros), Richard Wilson (Orgulho e Preconceito) e John Hurt que dá uma voz profunda ao grande dragão. Apostas ousadas estão na atriz negra Angel Coulby para interpretar Gwenevere, que sempre foi pintada como uma beleza pálida, frágil e angelical. Onde nessa versão Gwen não tem nada de frágil, ao contrário, é bem forte e trabalhadora, fiel a Morgana. Assim como Lancelot, vivido pelo ator Santiago Cabrera, que dá um tom latino ao herói sempre posto como sexy e rebelde nos contos de Camelot, e aqui não é nada diferente.

A série anda sempre na linha da teoria da Construção do Mito e da Saga do Herói de Joseph Campbell, onde Merlin sai de sua pacata vida em uma pequena vila para a cidadela de Camelot, e lá viverá experiências que vão modificá-lo, seu objetivo é tornar Arthur um grande rei, como companheiro de viagem ele tem Gwen, como guia ele terá o fisilogista (como médico era conhecido na época) Gaius, o oráculo será o Grande Dragão que o aconselhará, a feiticeira será Morgana, o incrédulo fica a cargo de Uther Pendragon e os inimigos estarão por toda parte.

A série é como todo conto medieval que se preze tendo: Mágia, Lutas, Amor, Comédia, Disputa de Poder, Aventura e muita história para contar. É interessante como esta saga é contada, ela é posta na forma de um grande livro, em que cada episódio é um capitulo, aos poucos você vai sabendo que rumo está tomando e como grandes mitos surgem. Como é o slogan de Smallville, a fonte de inspiração para a série: “Toda história tem um começo”. E que começo interessante. E que no momento ou você baixa da internet, ou assiste direto da BBC de Londres, toda a Segunda-Feira, às 19 horas.